quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Quando o nosso coração se parte...


Quando se deixa cair um copo ou um prato ao chão provoca-se um estrondo de estilhaços. Quando o vidro de uma janela se quebra, a perna de uma mesa se parte, ou quando um quadro cai da parede faz barulho. Mas quando o nosso coração se parte, isso acontece no mais absoluto silencio. Podem pensar que, como é uma coisa muito importante, talvez pudesse provocar o barulho mais sonoro jamais ouvido, ou então até devia fazer um ruído qualquer cerimonioso, como o gongo de um címbalo ou o toque de uma campainha. Mas é silencioso e vocês quase desejam que houvesse um barulho qualquer que vos distraísse da dor que sentem.

Se há um barulho, ele é interno.Grita e ninguém consegue ouvi-lo excepto vocês. Grita tão alto que os vossos ouvidos retinem e a cabeça vos dói. Fustiga-vos violentamente o peito como um grande tubarão branco apanhado no mar; ruge como uma mãe ursa cuja cria lhe tivesse sido tirada. É isso que parece e é assim que soa, uma grande fera que se debate em pânico por se sentir presa, bramindo como um prisioneiro que quer gritar o que sente. Mas o amor é assim; uma ferida aberta na carne exposta à água salgada do mar, mas quando se quebra mesmo, fá-lo em silêncio. Vocês só gritam para dentro e ninguém consegue ouvir-vos.

Cecilia Ahern, If you could see me now

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